segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Como vejo a morte!

Por: Jorge Leandro Carvalho Góis
Advogado

A Morte (do latim mors), óbito (do latim obitu), falecimento, passamento, ou ainda desencarne (deixar a carne), todas são expressões que identificam o processo irreversível de cessamento das atividades biológicas.

Sem sombras de dúvidas, podemos dizer que esse “finalizar” de nossas atividades biológicas é a única certeza que temos ao nascermos, e, que quando do nosso nascimento, já temos “o nosso atestado de óbito assinado, faltando, somente, datá-lo”.

Nada em nossa vida é certo e linear como a morte. Podemos escolher o quanto cresceremos, se reproduziremos ou não, qual será nossa orientação sexual, enfim, quase tudo em nossa vida é passageiro, transitório, “ajeitado”, ocultado; menos o nosso falecimento.

Esse passamento eterno é o maior símbolo de igualdade e democracia existente entre nós. Todos morrerão, desde o maior soberano, dentro do seu castelo de ouro; ao simples camponês, em seu casebre coberto de palhas. Ninguém escapará o cessamento de suas atividades biológicas.

Todavia, apesar de toda essa certeza, nós humanos, nunca entendemos!

Vemos o passamento eterno, o óbito, como um dos maiores flagelos da humanidade, sobretudo quando se trata de um ente querido. Poucas vezes em nossa vida vemos de frente a definitividade, como vemos quando do óbito.

Toda criança maldiz “Eva”, por ter comido a maçã proibida citada das escrituras sagradas. Perguntando-se qual seria o motivo de não ser imortal.
Todavia, a imortalidade é biologicamente impossível, e, sinceramente, não teria graça alguma.

Ou teria? Pensem bem!

Noutro giro, seria tão fácil se nascêssemos ambientados com o nosso óbito e vivêssemos pautados na certeza de que um dia e em qualquer hora morreríamos, tal qual existe em algumas culturas orientais. Contudo, o homem ocidental com sua senda de imediatista/futurista e imortal quer viver com os olhos voltados a posteridade e em uma posteridade sem fim, sabendo ele, no fundo do coração, que um dia as velas se apagarão.

E essa vela pode ser apagada cedo, tarde ou em sua devida hora, enfim, o sopro que as apagam somente o divino pode emitir, cabendo a nós, humanos, aceitarmos e entendermos que “Deus escreve certo por linhas certas”, talvez ininteligíveis no momento, mas entendíveis e interpretadas com o “tilintar” do tempo.

Nossa vida na terra é, nada mais, nada menos, que uma ilusão, um sopro de vida, como diria Oscar Niemeyer, e, na inteligência das escrituras sagradas: “(...) Nu vimos, nu sairemos...”, sem levar quaisquer bens palpáveis, somente os que praticamos na terra, as obras que lapidamos.

E como aceitar o passamento de um ente querido?
Pois bem! As reações dos seres humanos são “desenhadas” por hábitos e costumes, tudo em nossa vida, para ser bem aceito, deve ser precedido de um habituar e planificar das ideais.

Nesta senda, cabe mencionar que os óbitos quando ocorrem lentamente, trazidos algumas vezes pela senilidade ou por doenças que consomem o ser, doem muito em quem sofre, em quem carrega a dor em seus ombros, é a pior das mortes e a mais arrogante para quem detém o corpo.

Doutro lado, é a mais entendível para os seus entes queridos, uma vez que eles passam durante o sofrimento da debilidade/doença por uma fase de “habitualidade”, culminando no que chamamos de cogitação do óbito. Assim, quando a morte vem, a dor é menor e a adaptação para quem fica em terra é deveras fácil, por razões lógicas.

Já a morte acidental, induzida ou “fulminante”, em suas diversas espécies, é o inverso da narrada acima. Nesta, quem figura no polo sofredor são os entes queridos de quem falece, que são pegos de surpresa com o acontecimento morte, não passando pela fase da habitualidade.

Entretanto, para quem falece “de repente”, quanto mais rápido melhor, vez que se reveste de menos sofrimento, menos dor, muitas vezes nem se vê e não é sentido quando se vai.

Por isso, caríssimos, procuremo-nos inserir o evento morte como algo previsível e certo em nossas vidas, ao ponto de quando Deus soprar nossas velas ou de algum ente querido, no sentido de apagá-las, estejamos preparados.

O sentimento de saudades permanecerá, mas será diminuído o sentimento de surpresa... Será difícil, mas não impossível!

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