LEMBRANÇAS: CORONEL JOÃO SÁ E O QUE O TEMPO TE FEZ
Leandro Góis - 2014
Muitos quiseram definir o tempo com precisão, alguns conseguiram, outros não, mas creio que quem melhor e mais poeticamente descreveu o tempo foi Caetano Veloso em sua belíssima canção (Oração ao tempo), onde intitulava o tempo como o: COMPOSITOR DE DESTINOS, TAMBOR DE TODOS OS RITMOS.
Sobre a rapidez e a sua fluidez, a compositora Ana Vilela - em canção belíssima - mencionou que O TEMPO É TREM BALA, PARCEIRO!
Pois bem!
Observando o protagonismo do tempo, e, sobretudo, a sua rapidez, que a cada dia torna-se mais clara [o tempo é mais rápido], pelo o fato de termos mais e mais instrumentos de distração, devemos tê-lo como a nossa maior e melhor “riqueza”. Não há nada mais novo ou velho que o tempo!
A cada minuto ou segundo passado temos a certeza de que esse momento é único, que não retornará. Por mais que tentemos achar que existe, na vida não existe borracha, o que foi feito, foi feito. Não se apaga.
Façamos, então, o melhor e nada de médio, de mediocridades. Sejamos protagonistas das nossas vidas, aproveitando cada segundo passado, porque a cada segundo vivido é menos um segundo das nossas vidas.
Filosofia a parte, chegando hoje em Coronel João Sá, recordei-me de um passado não tão longe; de pessoas não tão antigas, mas que, aos mais jovens por conhecimento, e, aos mais velhos por relembrança, cabe citar.
Antes de entrar na cidade, propriamente dita, observei, quando passava pela antiga fazenda do saudoso Zé de Demócrito a ausência do seu veículo estacionado em fronte ao curral da fazenda, e, consequentemente a sua ausência e da sua inseparável esposa, Dona Nininha. Lembrei-me, também, de Carlinhos, seu neto, filho de Zé Hamilton que os conduziam quase sempre para a Fazenda. Hoje, seu Zé de Demócrito, Dona Nininha e Zé Hamilton encontram-se em outro plano [Falecidos], e, Carlinhos residindo fora do município.
Em frente aquela fazenda foram mortos alguns assaltantes de Banco que tentaram roubar os bancários que retornavam à Carira. Lembro que meu Amigo Pedro Taradinho estava no carro, e, Valtenes, hoje Presidente da Coopertalse, era o motorista do veículo.
Após esse fato, a comunidade católica sensibilizou-se e pôs de fronte a entrada daquele imóvel rural uma grande cruz [Cruzeiro], que certa feita perguntei ao padre da cidade e ele me informou que havia sido posto em lembrança ao trágico e sangrento fato ocorrido.
Mais à frente e agora já dentro da cidade, observei - ao lado direito - que seu Zé Baiano, Pai de “Dagraça”, Eraldo, “Finha” e uma extensa prole, já não mais se encontrava. Corrijo-me, além dele, a sua antiga residência, uma casa recuada com alpendre, deu lugar a Mercearia Itabaiana. Seu Zé Baiano e a sua esposa faleceram.
Logo mais, observei que a famosa oficina de Zé Carlinhos também não mais estava “alí”, dando lugar a serralheria de Luciano Carregosa. A oficina servia de laboratório para Zé Carlinhos praticar o seu amor pela mecânica de veículos.
Zé Carlinhos hoje, como se fala no sertão, mudou de ramo. Atualmente é proprietário de Loja de móveis localizada à Praça do Mercado, hoje sem mercado, em um antigo prédio que pertencia a Zé Hamilton de Juca.
Observava, e isso pouco mudou, o bar de DODO, creio que não mais administrado por ele, mais por um filho, com quase as mesmas pessoas contando anedotas e “matando o tempo” em frente a calçada. Reportando – jornalisticamente - os fatos da cidade e da circunvizinhança.
A Frente, o antigo posto que, no meu tempo era de NETO de Zé crispim, que já havia sido do seu pai; de Lié e que foi fundado por meu avô, Zé de Caçula e estava fechado há muito tempo, hoje deu lugar a um amplo Posto de combustível - que por ironia do destino – pertence a um filho do fundador, Adelmo de Zé de Caçula.
Ainda em frente ao Posto de Combustível, observo um sobrado construído aos fundos da casa de Zé de Justino, e, veio-me a lembrança daquele que foi o maior líder político do município de Coronel João Sá. Um líder que, mesmo na região que estava, não precisou do uso constante das armas para impor a sua força política.
Zé de Justino era um bon-vivant, gozava a vida e a usava, e, nesse íntere, também fazia política; exercia mandatos e apoiava políticos. Por 38 anos Justino não perdeu eleições municipais no Município. Hoje encontra-se falecido.
Vejo a casa da finada “Zifinha de Zeca Tiatonho”, que deu lugar a casa de Zé Carlos de Agripino. Dona Zifinha, era tia do meu avô Zé de Caçula, uma Senhora educada, conversadeira e fina. Lembro que ao final de sua vida implorava ao meu avô que não deixasse “Dêja”, uma senhora que a cuidava, desamparada e sem residência. Com o seu falecimento foi adiquirida uma casa para “Dêja”, mãe de GUGU de Zé de Zelito.
Vamos a frente que a história é longa!
Olho vizinho e vejo a casa de Juninho de Evani, mesmo local onde era a residência de seu Zezinho Portela: Pai de Mirinho, Mi e toda a sua prole.
Em hipótese alguma - nesse relato - pode ser esquecido o prédio onde funciona complexo empresarial/comercial do ex-Prefeito Romualdo Costa, que já funcionou um Banco - Banco Econômico. É, meu amigo, Coronel João Sá já teve 02 (dois) bancos!
Pouco tempo atrás nesse prédio funcionava a Secretaria de Saúde do Município, e, em casas em anexo, que também foram demolidas para a construção do complexo citado, era a residência de Zefinha de Zé de Cotó e o depósito do finado Edmundo de Dedé de Amâncio.
Como não poderemos esquecer de “Tilisco” de Zefinha de Zé de Cotó, cantando a sua preferida canção: “Ei tchu pra quê chorar por arguem que não te ama”, sendo apanhado á rua por a sua mãe e pelos irmãos Alex e Kaline.
Recordo do paciente e calmo seu XIXIU e da sua esposa, a comunicativa dona FRANCISCA, pais de Ubaldo, Isaias, Valter e Adenoalda. Frequentei muito a residência de XIXIU, era local onde comentávamos sobre anedotas políticas. Nossas teses eram debatidas ferrenhamente por Zezão, Hidelbrando, Ronivon Santos, o próprio Ubaldo e outros.
Lembro de Dona Daurinha e do seu filho Adilson, que nos deixou prematuramente. Lembranças do finado Balbino, que sua antiga casa deu lugar ao estúdio fotográfico de Edson Fotógrafo.
Não eu, mas toda a cidade deve recordar, também, do cartório que funcionava em um depósito de Maria de Maurício vizinho a residência destes. Lembro do Finado Amando, com o seu cavalo, entrando e saindo da cidade, e, da casa e da sua falecida mãe, Dona Maria Maroto, que era localizada no mesmo lugar onde hoje funciona a casa de Paulo Cezar e a Academia.
Lembranças também de Zefinha de Tunico, hoje falecida, e, de seu filho Gilvan, que era apaixonado por loterias. Com o passar dos tempos, e, por motivo de saúde, os passos de Gilvan foram encurtados, culminando com o seu falecimento.
Lembranças do Bar de Tonho Gilson, o pai de DUDU da finada ROSE, era o escritório de quem transitava pela praça. Tonho Gilson reside no Estado de São Paulo há muito tempo, e, o local onde era o seu bar deu lugar ao auditório Fructuoso Carvalho.
Lembranças do Banco do Brasil com Valmir Amaral trabalhando; Jorge do Banco; Pedro “taradinho”; Zé de Rosa fazendo a segurança; Carlinhos de Parrudo, exercendo função administrativa e Zefinha de Maria Bela na limpeza do estabelecimento. Enfim... Hoje o Banco do Brasil só tem funcionamento administrativo.
Lembro de muita coisa.
Na Praça ACM, creio que os mais antigos já se foram. As lembranças são fortes do Finado Augustinho e Dona Minininha; Finado Oseias e dona Zefinha; Tia Zefinha de João Dias, enfim, todos esses já partiram para outro plano. Creio que os mais idosos, ainda na praça e em suas residências, são a minha Avó Bezinha do Hotel e Dona Laide do Finado Romildo.
Em posição de esquina e em cruzamento com a Rua Monsenhor José Magalhães, poderemos observar - logo em frente – a casa de Dona Maria de Raimundo, uma guerreira, cujo a vida certamente daria um livro, ante as dificuldades de criar-se sem pai e depois criar uma família grande – praticamente – sozinha.
Tia Maria, que é irmã do meu avô Zé de Caçula, na arte de fazer quitutes e doces foi “doutora”, alimentando uma prole com filhos honestos. Enfim, todos trilharam o caminho da honestidade.
Na residência de tia Maria observávamos a maior lanchonete da cidade. Recordo-me dos “sonhos” e pastéis que ela vendia, ao tempo a lanchonete era administrada por Batistinha, que ante as oscilações deste com o uso imoderado de bebida fez o comércio fechar várias vezes. Ainda hoje ele nos anima com os seus jargões clássicos: “Aracajuuuu” e “Baraqui Obama”.
Não poderíamos esquecer de seu Zé Aleijado, que com a comercialização de “pingas” e bebidas em geral sustentava a sua família.
Lembro do finado Eraldo e a sua Mercearia, que hoje deu lugar a empreendimentos da sua Viúva e família. O Finado Eraldo faleceu prematuramente, deixando filhos jovens que foram criados por Lucinha, uma jovem senhora que ficou viúva, muito nova, e, que assumiu o encargo de criar muito criada toda a prole.
E por aí vamos, nessa viagem já chego em minha casa e vejo que meu avô, Zè de Caçula e minha vó Dona Caçula; Zé de sinhozinho e Dona Raimunda ainda permanecem fortes.
E nessa viagem das minhas lembranças, espero ter despertado, também, em cada um dos leitores algumas recordações. Sigamos em frente, vivendo o Presente, esse é o presente de DEUS: O tempo presente é tempo em que devemos viver.
Entretanto, o passado serve para que lembremos que antes de nós existiram e coexistiram outras pessoas que devem ser mantidas em nossa memória com gratidão e aprendizado.
Grande abraço!
Nenhum comentário:
Postar um comentário