LEANDRO GÓIS

Há um tempo escrevi o presente texto, poderia até não mais postá-lo, já que o Facebook começa a entrar em desuso, hoje é o instagram, porém por conservação do texto compartilho idéias que tinha àquela época e que, por sinal, mantenho, ainda, a mesma essência de pensamento.

Crônica!
EU QUERIA MORAR NO FACEBOOK
Por: Jorge Leandro Carvalho Góis

2014

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Depois de algumas conversas proveitosas hoje [25/08] com meu vizinho [Tássio], cheguei a uma conclusão: EU QUERIA MESMO ERA MORAR NO FACEBOOK!

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Queria morar no Facebook e ter toda minha vida repleta de momentos lindos, viagens lindas, altas curtições e cheia de curtidas e compartilhamentos.

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Queria ter mais de mil amigos e centenas de curtidas todos os dias!

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Queria poder arranjar um filtro que corrigisse minha imagem, como e quando bem eu quisesse, colocando somente a vista dos outros o que fosse lindo, belo, ou, menos feio.

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Haa, como eu queria!

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Queria chegar em casa, as vezes cansado do trabalho e ter na vida real aquela palavra de conforto, ou talvez uma curtida de aprovação, como se tem no FACE.

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Queria, sobretudo na vida amorosa, que a mudança de relacionamento da “solterisse” pra casado fosse tão fácil como é a do Facebook, com um click ficamos casados ou solteiros. Seria tudo mais fácil!

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Queria começar relacionamentos com uma mera mudança do Status [Casado, solteiro, namorando, noivo], seria muito bom!

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Queria, também, não ter a vergonha de conversar com o próximo e ser mais receptivo, problemas típicos da atualidade, e ao contrário disto, ser falastrão, como se é no Facebook.

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Enfim, queria morar mesmo era nesse tal de Facebook, ou quem sabe em uma ”Faceboocolândia” da vida e lá poder observar o que as pessoas tinham de melhor tirado do melhor de cada uma e trazer pra mim, compartilhando.

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Queria poder olhar para aquela pessoa, que as vezes é ignorada na rua e curti-la, mandar uma mensagem, comentar, ajuda-la, e, quem sabe, até cutucá-la [rsrsrssr].

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Queria poder ver, olhar e rejeitar sem comentar; queria ignorar pessoas simplesmente com um bloqueio ou talvez com uma exclusão do Face; queria talvez começar ou acabar uma amizade, simplesmente com um aceito, excluo ou rejeito.

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Queria, quem sabe, externar o que penso e me fazer ouvido/lido por milhares de pessoas, sentir-me importante!;

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Será?

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Queria, ter vários psicólogos e psiquiatras de prontidão e prontos para ouvir/ler os meus reclames, dividir os meus problemas, ofertando a possibilidade de cada um lançar a sua ajuda.

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Oww, como a vida no Facebook seria boa!

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Queria reconhecer mais as pessoas, coisa que já faço, de modo a expressar o que sinto das pessoas, como se faz no Facebook, uma vez que, as vezes, esse roconhecimento tão alardeado Face é ausente na vida real, ao ponto de um filho parabenizar um pai no FACE e manter - se silente e indiferente na vida real... Melhoremos, né!

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Queria ser, na verdade, religioso igual muitos são no Face, e, ter a mesma fé em DEUS, como expressam muitos naquela rede social;

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Queria ser tão Facebook!

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Já pedi até a Papai Noel, que se eu nascer novamente, quero nascer no FACEBOOK.

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Mas, que graça teria? Tudo corrigido? Tudo tão artificial! Como eu disse: queria!

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Perdoe-me, seu Facebook, quero mesmo é sofrer as agruras da vida e sentir a real felicidade que ela nos proporciona, enfim, “viver e não ter a vergonha de ser feliz”, viver sem borrão ou rascunho!

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Que a vida seja uma colheita do que plantares!
Justiça!