Sertão no tempo: TELEBAHIA em Cel. João Sá
Coronel João Sá - 04 de Setembro de 2017
Apesar de considerar-me, ainda, um pouco novo, tenho lembranças fortes de coisas e situações de que para a juventude de hoje só de pensar cheira a surreal e a algo inexistente!
O causo de hoje é sobre o posto da TELEBAHIA de Coronel João Sá, que ficava localizado na Travessa Fructuoso Carvalho, local onde hoje funciona o consultório de Élcio Lira.
Explicando melhor, Telebahia era a empresa que explorava o serviço de telefonia na Bahia, e, em alguns lugares, como Coronel João Sá, por um bom tempo não existiam Orelhões, sinal de telefonia móvel e o serviço de telefonia fixa era extremamente caro, daí esta empresa instalava um Posto, um ponto, para que as pessoas, sedentas de comunicação telefônica, realizassem ou recebessem as suas chamadas.
Lembro que ter uma linha telefônica fixa era ter um patrimônio caro em mãos. Quem tinha telefone fixo ostentava a situação de o ter com pompas. Era os de número 286 21...
Lembro que meu tio, Adelmo, quando foi abrir o seu primeiro comércio - em 1994 - teve que comprar uma linha telefônica de Milton da "Mangabinha" por alto valor monetário, em vista da não privatização do setor de telefonia.
Tempos difíceis!
O sinal para rede móvel era inexistente, nem se pensava em ter rede de celular. Recordo que quando em Carira chegou o sinal da Claro e depois Vivo, ficávamos em pontos estratégicos da cidade para conseguir realizar uma chamada.
Antes disso, celular era um equipamento altamente luxuoso. Lembro que os aparelhos celulares da década de 90 eram pós-pago e vinculados a Telergipe [Famoso Tijolão], e, na minha lembrança tidos por poucas pessoas na cidade, como: Alex Dentista, Adelmo de Justino, Adelmo de Zé de Caçula, Romualdo, Paulo Cesar e outros que não me recordo na ocasião.
E isso não dista muito tempo. Quando fazia faculdade 2005 e 2006, aguardava chegar na divisa Bahia e Sergipe com o celular ligado para as mensagens SMS começarem a chegar.
Mas bora ao fato central!
Existia um ponto, parecido com uma lanhouse, em que as pessoas que não possuíam telefones em suas residências e queriam realizar ou receber chamadas "iam" realizá-las ou recebê-las, detalhe: Aos ouvidos de todos!
Recordo, certa feita, estava eu "piruando" na Telebahia quando uma Senhora do Puerão, que reservo-me a não dizer o nome, telefonou para o filho que estava a trabalho em São Paulo, mandando que ele viesse logo, porque a sua mulher estava pulando, melhor dizendo, estava "saltitando" a cerca.
Todos ouviam e debatiam a informação. "Rsrsrs"
Lembro, doutra passagem, em que uma outra falava lá dentro da"cabinezinha" que alguém havia falecido, quando uma pessoa de fora chegou correndo, mesmo sem a conhecer, dizendo: - Muié, você é doida, é "pextorenta"? Quem morreu foi o irmão dele, gerando inclusive discussão dentro do recinto de quem realmente havia batido as botas. "Rsrsrsrs"
Como se observa, era um serviço de telecomunicação da comunidade e sem muita privacidade.
Recordo das telefonistas, a exemplo da minha comadre Lucicleia de Fadinha, Fabiana de João Cabeleira, Dôdora e outras pessoas que fogem a mente neste momento.
Rubinho de Nedina era o "pombo correio", levava os recados provenientes do posto TELEBAHIA, inclusive chamando as pessoas para que viessem atender as ligações dos parentes que residiam fora. Era grande a leva de Joaosaenses que rumavam ao Estado de São Paulo para "ganhar a vida".
Rubinho, ainda hoje, desfila na cidade com a sua célebre Monarque Vermelha, balbuciando a frase: - "Ondxe" que é, "ondxe" que foi... Eeeeee... - É daqui a pouquinho! [Risos]
Outra figura folclórica e proparoxítona da cidade!
Esse serviço era oferecido até pouco tempo, porque recordo, outrossim, que após Romualdo tomar posse em 2001 estava dentro de sua casa quando ele "mandou" chamar Fabiana de João Cabeleira para que esta fosse trabalhar no posto da Telebahia, aquela época já Telemar, retribuindo o voto, uma vez que, salvo engano, teria ela sido uma das poucas partidária dele em sua família.
Creio que em 2000 não muitos Orelhões haviam
na cidade. Recordo de um dentro do "Obrigo" de Elias e outro na Churrascaria de Zé de Juca. Não recordo de mais outros.
Após essa leva, creio que a partir de 2002, começaram a instalar dezenas de outros Orelhões pelas ruas da cidade, levando ao fim do célebre , mas não mais necessário, Posto da Telebahia/Telemar em Coronel João Sá.
Em 2007 chegou o sinal da vivo no município e a partir daí é "só ouro". O mais pobre camponês tem a dignidade de realizar uma chamada privada e fácil de dentro do seu lar. A distância diminuiu!
Grande abraço!
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