quarta-feira, 17 de abril de 2019

TÚNEL DO TEMPO - BAR DE ROSEVANDA
Leandro Góis - 04/09/2017
Em passeio pelas ruas de Coronel João Sá, hoje, pude observar – além de outras coisas – a reabertura de um dos maiores points da juventude da minha época na cidade, o “Bar de Rosevanda”. Pensei em comentá-lo e “aí” vamos nós!
Avistei o Bar localizado na esquina da Rua Jeremoabo com a Praça da Veneza e batizado na cultura popular Joãosaense por “Bar de Rosevanda” ou da “Finada Rosevanda” reaberto e com fluxo normal de pessoas.
Com uma nova pintura e reformas pontuais, o estabelecimento manteve a mesma arquitetura, creio que o piso frontal foi levantado, porém o estilo “colonial” e o telhado quatro águas foi inteiramente conservado, possibilitando, assim, as lembranças fluírem com maior facilidade.
Refiro-me por “Bar de Rosevanda”, porque a finada Rosevanda de Zefinha de João Dias foi quem o construiu [Creio eu], e, a propriedade do estabelecimento ainda permanece com o seu filho Eduardo, portanto, mesmo que aponham qualquer outro nome na fachada, a cultura popular não raro ainda continuará batizando-o pelo o título deste texto (Bar de Rosevanda).
Vejam:
Não sei ao certo quando se deu a inauguração deste estabelecimento comercial que comento, porém tenho lembranças do Bar de ROSEVANDA a partir de meados da década de 90, quando era administrado por Léo de Lié [Hoje Vereador da cidade] e sua esposa MIRA.
Observava, naquela época, sempre uma clientela familiar e centrada; observava pessoas educadas e sedentas por um local que congregasse as pessoas que buscasse diversão no estilo barzinho. Minhas lembranças são raras no período que Léo administrava o Bar, ainda não saia com frequência.
Lembro-me de maneira clara do período em que Celma, mais conhecida por “Celma de Maria Morais” administrou o bar. Lembro de tudo, das reformas; dos banheiros reposicionados para o lado direito do bar; do famoso espelho; dos quitutes oferecidos, os famosos caldinhos; dobradinhas; fígado, enfim, as lembranças correm livremente.
Celma é filha de “Josa” goleiro, boêmio e artista que animou os festejados e inesquecíveis carnavais de Coronel João Sá por diversos anos, e, com a peculiar maneira animada típica dos "Moarais", porém séria e de pulso forte, manteve-se na direção do estabelecimento – creio eu - que por quase uma década.
Tinha-se naquele local o que o jovem procurava: diversão, azaração; música; “tira-gostos”, e, uma administração de pulso forte para afastar quem que - em algum momento - buscasse interferir a diversão de quem estava alí.
Observei, por diversas vezes, Celma – ela mesma - retirar vários ébrios do bar, a força. Vejam: Não era pra qualquer Senhora disputar força com homens de compleição física maior, mas ela retirava-os e detinha respeito de quase todos.
Pela longa passagem de Celma pelo empreendimento, o empreendimento ganhou a sua cara e algumas pessoas começaram a caracterizá-lo pelo o nome de Bar de Celma [Bar lá pro bar de Celma!].
Lembro de Jota; Juininho; Dênis e tantos outros que participavam da força desarmada do Bar [rsrsrrs]. Servia-nos e mantinham o ambiente organizado e com um atendimento realizado por amigos, servindo, inclusive, para nos acompanhar na conversa quando adentravamos o Bar sozinho [Ao pé do Balcão].
Enfim, podemos dizer que a diversão da cidade, em determinada época, restringia-se a Danceteria New Time [Buate de Adelmo de Zé de Caçula] e o Bar de Rosevanda, tendo os dois ambientes características extremamente distintas e horários de pico distintos.
Um, a Danceteria, era um ambiente fechado e com danças, possibilitando aos casais um momento mais reservado num escurinho imerso na pista de dança da “Buate” e só funcionava de sexta a Domingo das 21h as 1h, e, também aos Sábados das 10h as 18h e, em algum período, aos domingos, das 16h as 20h.
O outro, o “Bar de Rosevanda”, não tinha dança, mas era um lugar de maior visibilidade, típico barzinho e propício para os que queriam ouvir o seu “SOM NA MALA” dos veículo - Tinha funcionamento de quinta a domingo.
O que atrapalhava, as vezes, era o volume dos sons dos veículos que “comia o Juízo” da proprietária do estabelecimento e da vizinhança que era formada por pessoas idosas [Paulo Maroto e Minininha; Nice; Dantinha e Dona Valdina; Zé Alves e a Finada Maria Augusta].
Era uma luta. Sempre encontrávamos alguém que, apesar dos avisos da proprietária do estabelecimento, não respeitava a cultura das 22horas; o volume adequado e causava inúmeros transtornos. Mas isso era devidamente ultrapassado pela boa sensação que o Bar nos proporcionava.
Sua localização era estratégica, na verdade sentiamos como se houvesse uma cortina de concreto protegendo-nos da movimentada PRAÇA ACM que era formada pelas casas de “GUVIÃO E DE ZEFINHA DE JOÃO DIAS” e a frente - bem próximo- a delegacia de Polícia, tornando o bar um local reservado e com visibilidade diferente na Praça da Veneza.
Ainda sobre a sua localização, ficava próximo a famosa pracinha do amor, local de encontros dos jovens em início de paqueras e da vida amorosa, e, por assim, do segundo grau, que tinha a sua lateral [Muro do segundo grau] um tanto quanto de agitada [rsrsr].
Era um tempo sem Selfies; em sua maioria sem celular; facebook, mas era um tempo feliz, em que as pessoas viviam o momento. Simples, mas o momento que devia ser vivido.
As fotos que tinhamos eram as que Chiquinho retratista, Abraão ou Benedito tiravam, ou - quem sabe - as tiradas por alguém que possuia câmeras, geralmente com filmes de 36 poses, kodak, com olho de fogo e que eram reveladas em Itabaiana, e, mais recentemente, as câmeras digitais. Sem esquecer, ainda, da famosa filmadora comprada por Claudionora e manuseada por Alex de Lila.
Quando Diana inaugurou um Bar na Praça ACM (Casa Amarela), começou-se a divisão do público, tanto pela visibilidade maior da PRAÇA ACM, vinda em momento de ostentação em que as pessoas passaram a não prezar mais pela reserva, quanto pelas diversas iguarias que Diana servia e serve em seu estabelecimento [A melhor Lazanha que eu já comi].
E assim, Celma que ocupou por pouco mais de uma década o Ponto do famoso “Bar de Rosevanda”, desaluga o estabelecimento e muda-se para um ponto se sua propriedade também na Praça ACM e vizinho a Diana.
Nesse momento toda a clientela de Celma é mantida, e, o bar sem ter quem o prosseguisse ou por vontade do proprietário é fechado, e, permanecendo desta forma por mais de 05 (cinco) anos.
Agora, como disse no início, fiquei feliz por sua reabertura, mesmo sem saber quem dirigirá o empreendimento, mas feliz fiquei por uma manutenção histórica da diversão da cidade; feliz fiquei, por vivenciar naquele espaço inúmeros amigos congregando e vivendo o presente.
Centenas de casamentos iniciaram dentro daquele Bar. Primeiro namoro; Trocas de olhares; aproximações, enfim, eternos momentos que iniciaram ali e perpetuaram-se até os dias de hoje, tornando, sem sombra de dúvidas, o lugar inesquecível na mente de quem viveu aquele momento.
E é bem assim, com certeza devemos bem viver o presente, vez que só ele pode ser vivido. Porém, podemos ansiar um bom futuro e lembrar do passado, porque quem esquece de onde e de como veio nunca saberá onde chegará.
E esse passado - quando foi bom - deverá ser lembrado como troféu e guardado na mais seleta "sala" da nossa memória. Doutro modo, quando não foi tão bom, deverá - também - ser inesquecível pela lição que nos deixou... Orgulhemos do passado; orgulhemos por ser Joaosaense.
Até a próxima!

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